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sexta-feira, 19 de julho de 2013

Holy Motors - Leos Carax (2012)

 Esse filme foi uma surpresa. Surpresa pra mim, surpresa pros espectadores, surpresa para os festivais de cinema do mundo, e motivos não faltam. Holy Motors é um filme independente e estranho do começo ao fim, mas que prende a sua curiosidade. Eu vou pular as introduções e ir direto a conclusão, mais uma vez, pra mim foi um dos melhores filmes de 2012, competindo de igual pra igual com Amor (Michael Haneke); Leos Carax é um cineasta genial e eu pretendo ver todos os filmes desse cara.

 
 

Mas do que trata esse filme que eu digo ser tão bom? Isso vai da interpretação. A história acompanha Oscar (Denis Lavant), um homem que vive andando pela cidade de limosine, interpretando personagens pelas ruas. Essa é sua profissão, assim como a de muitas outras pessoas nessa Paris "futurista. Oscar é uma cigana idosa pedindo dinheiro pelas ruas, é Monsieur Merde (criatura anarquista e tragi-cômica que se movimenta pelos esgotos, que servem de lar também para as classes pobres desse futuro "imaginado) que invade uma sessão de fotos de uma modelo (Eva Mendes), é um criminoso em busca de vingança, é um revolucionário assassino, é um senhor em suas últimas horas de vida, é um pai preocupado, é uma representação da humanidade. De personagem em personagem somos convidados a conhecer essa Paris tão diferente e parecida com a real, e cada um desses seres humanos representados.


Em uma entrevista, o próprio Carax disse que tinha vontade de representar, com Holy Motors, a experiência humana. Mostrar as nossas máscaras e nossas diferentes personalidades, mesmo que pra isso fosse necessário inventar uma profissão e criar um futuro paralelo, narrado de uma maneira confusa para o expectador comum. Foi um grande sucesso. As interpretações são perfeitas, principalmente a de Denis Lavant, que mostra porque ele acompanha esse diretor a tantos anos. Denis combina suas habilidades de ator de rua (acrobata e dança) com as de ator formal, capaz de representar e causar emoções.


Não só pelos seres humanos que Holy Motors passeia, mas pelo cinema e pela arte em si, brincando com os gêneros, da ficção científica ao drama, do musical (com participação surpreendente de  ao crime. Começando pela sua primeira cena, em que o próprio diretor se vê em um quarto com entreda para uma sala de cinema, na qual os espectadores ou estão entediados ou adormecidos. Trata da crise de identidade do ator e das mudanças, por vezes absurdas, que a industria força nos artistas reais, isso fica claro no diálogo entre Oscar e o homem sem nome que aparece na limosine e parece ter sido um desses profissionais também, representado muito apropriadamente pelo lendário Michel Piccoli (O Desprezo, Bela da Tarde, O Charme Discreto da Burguesia, Fantasma da Liberdade, Belle Toujours). Holy Motors é, se não o melhor filme de 2012, o mais criativo e interessante, e vai te deixar pensando por horas, louco de vontade de conversar sobre ele com alguém.


Nota: 5/5






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