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quarta-feira, 17 de julho de 2013

Caçada ao Carneiro Selvagem - Haruki Murakami (1982)


O protagonista sem nome desse romance é o típico protagonista do Murakami, levemente indiferente, medíocre, satisfeito com a própria vida, mesmo esta não sendo muito boa, e entediado com a vida urbana comum. Ele é sócio de uma empresa de tradução que, por acaso, teve um sucesso comercial repentínuo no meio da publicidade. Parte desse sucesso envolveu uma foto usada para uma campanha de uma empresa de seguros, uma foto de um rebanho. O que ele não percebeu foi que, em meu ao rebanho, havia um carneiro diferente, com uma estrela negra desenhada no corpo, e uma organização misteriosa estava atrás desse animal.

Isso mesmo, senhoras e senhores, Murakami voltou a aparecer por esse blog, mas agora sinto em dizer que estou um pouco entediado com ele. Não, o livro não é ruim, pelo contrário; o problema é que esse é o 5º livro dele que eu leio, sem contar as duas partes de Wind-up Bird Chronicle que eu já terminei. É normal, depois de tanto tempo, cansar dos maneirismo do autor. Mas, deixando de lado esse cansaço, a história é excelente.

É um misto de história de detetive com romance existencialista. O homem sem nome, por mais indiferente que ele aparente ser, é forçado a passar por coisas que fariam qualquer ser humano se desesperar. Tudo em busca do maldito carneiro, que ninguém nem sabe dizer se existe. Nessa jornada, ele é acompanhado por sua namorada, que trabalha meio período como modelo de orelha e meio período como prostituta, além de ter orelhas mágicas, quando estas são desbloqueadas. Encontra um homem vestido carneiro, que fala murmurando, tudojuntodessejeitosemespaçoentreaspalavrasoupontuaçãoentendeu? Encontra um idoso que teve um encontro com esse carneiro da estrela e nunca mais pôde viver normalmente quando os dois se separaram. Enfim, a história é bizarra, surreal, e muito bem construída, sem medo de causar o "pânico de Putney Swope" no leitor.

Então qual a minha crítica? Por que esse livro não vai receber nota 5 como todos os outros? Não sei. Digo que me cansei com o estilo do autor, mas nem foi isso. Esse livro foi lançado no Brasil pela editora Liberdade, mas essa edição está esgotada. Sendo assim, comprei a tradução em inglês, do Alfred Birnbaum, publicada pela Random House com o título A Wild Sheep Chase. Ouvi dizer que muito foi modificado na tradução e isso se torna claro quando o ritmo típico do Murakami não parece presente no livro. A narração é forçosamente coloquial (o que não é incomum pro Murakami, mas aqui pareceu estranho). Talvez nem tenha sido culpa do tradutor, já que esse é o 3º livro do Muraka e o primeiro que ele disse ter gostado mesmo de escrever, então pode ter sido um reflexo da falta de experiência do autor. Difícil explicar, mas senti que faltava alguma coisa. A história é excelente, mas a narração não me prendeu como nos outros livros. Ainda assim, minha nota é alta para o livro e eu recomendo a leitura para os fãs do Murakami e para aqueles que nunca ouviram falar dele, mas estão atrás de uma leitura diferente, que distorce os gêneros e confunde o leitor.

Nota: 4/5

Resultado do Bingo do Murakami:





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