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domingo, 4 de novembro de 2012

Norwegian Wood - Haruki Murakami



Não queria resenhar livros de um mesmo autor em sequência, creio que isso deixaria minhas resenhas previsíveis e desagradáveis para o leitor. Acontece que eu não planejo essas críticas, não planejo os filmes, os discos ou os livros. Simplesmente resenho aquilo que li, ouvi e vi - não necessariamente tudo, mas aquilo que é resenhável. Esse é o caso. Acabo de ler Norwegian Wood. Comecei sexta, achei que levaria mais tempo, mas esse livro é incrivelmente rápido, mais ou menos como a vida universitária - não sei se foi o objetivo, mas parabéns ao Muraka por gerar esse impressão, afinal, como ele é famoso por seu ritmo, lhe darei crédito independentemente.

A história é sobre Toru, um jovem universitário. Seus encontros, desencontros, amores, felicidades e tristezas. Ele se apaixona por Naoko, namorada de seu melhor amigo Kizuki, que por sua vez se suicida aos 17 anos, formando todo esse quebra cabeças afetivo que é o tema do livro. A música favorita de Naoko é Norwegian Wood, dos Beatles (excelente música por sinal). Toru a ouve, muitos anos depois dos acontecimentos desse livro, em um aeroporto, em versão orquestrada, o que lhe traz todas as memórias de sua juventude.

Além de Naoko, Toru se encontra com Midori (que personagem fantástica!), companheira de sala que acaba se envolvendo com ele, complicando ainda mais essa tragédia moderna. Tragédia que, "por coincidência" é o tema de estudos dos jovens - Sófocles, Eurípides, sabe?

Em geral o livro é sobre perdas. De pessoas, amores, juventude, até a vida. Todo tipo de perda ou, mais exatamente, transição, pois como o narrador define, morte não é necessariamente a perda da vida, mas sim parte dela. Mostra a difícil transição da juventude para a vida adulta, esse período entre os 18 e 20 anos, que, diferentemente da adolescência - que simplesmente acontece -, é uma transição escolhida e, muitas vezes, forçada e confusa, embora necessária.

As referências à cultura pop e o humor sutil e peculiar são os pontos fortes do romance, que fazem com que história não se torne um poço de depressão, até porque o objetivo da história é justamente esse - mostrar que, nesse mundo imperfeito de pessoas imperfeitas em que vivemos, merda acontece, e por mais cruel que isso possa parecer, essa merda deve ser superada. É difícil, mas não há nada que sexo, jazz, uísque e viagens não ajudem a esquecer.

Fizeram um filme sobre esse livro. Pelo que vi no trailer, ele é visualmente fantástico - como tudo que os orientais fazem. Não sei se é tão bom, mas irei vê-lo e, quem sabe depois faça um comparativo.

Vamos, então, aos resultados do Bingo de Murakami para Norwegian Wood: ear fetish - dried-up well - cats - old jazz record - train station - precocious teenager - cooking - weird sex (tive problemas para definir o que é estranho para os padrões do autor, mas acho que entendi) - tokyo at night

Passei o livro todo esperando algo desaparecer, mas não aconteceu. Deve ter sido o efeito de "Minha Querida Sputnik". Tampouco sei o que é um nome estranho para japoneses, por mim todos são esquisitos - tal como Raphael deve ser bizarro pra caralho para eles...

Agora gastarei o dinheiro que não tenho para comprar Kafka a Beira Mar (pelo que ouvi é o melhor) e Após o Anoitecer. Depois digo o que eu achei.

Obs.: Isso não vai afetar a nota, pois a culpa é dos tradutores e revisores, mas a edição da Alfaguara vem com três belos erros de concordância, os quais não marquei, mas são bem visíveis durante a leitura. Não prejudica o entendimento, mas é feio pra cacete, viu Alfaguara (Objetiva)!

Nota: 5,0/5,0



Não é linda a música?


Esse é o trailer do filme.

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