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sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Momento Cultural 3.2 - Dark Knight Rises + Spoilers

Abrirei essa semana, novamente, uma exceção aos momentos culturais, porque eu quis e mais nada. Ainda não tenho leitores o suficiente para me importar com padrões e outras frescuras. Isso e acho que já passou tempo o suficiente desde a estréia de DKR para que eu possa fazer a versão com spoilers do momento cultural 3.1. Se você ainda não viu, desligue a porra do computador e saia da sua caverna, a luz do sol pode machucar, então vá a noite. Feito isso, volte, leia essa merda e me diga se estou errado. Para os russos que me leem - use o google translate.

Voltando a primeira resenha. O filme dá uma ótima primeira impressão. Tudo é quase perfeito e até da a ideia de que pode vir a ser melhor que seu aclamado antecessor. Enquanto no DK o coringa tinha uma espécie de monopólio do carisma (os outros atores eram ótimos, mas foram ofuscados), aqui todos mantém o mesmo nível, que é bem alto. É impossível não gostar do Bane do começo do filme, aquele anarquista, fodão, que só quer mesmo ver o circo pegar fogo - só. A Mulher Gato, misteriosa, sexy, ladra, mas que seria boa se o mundo não fosse uma merda, pensei em uma série de atrizes que poderiam fazer esse papel e, como já disse na outra análise, quando ouvi o nome de Anne Hathaway, achei que o filme iria seguir com a maldição do terceiro filme (é sempre uma bosta). Algumas pessoas que gostaram da interpretação do Burton discordam, mas foda-se essa gente, se tem uma coisa que eu gostei na versão do Nolan é o toque realista, então não ver a Selina revivendo, se lambendo (tá essa eu até gostaria de ver...) e cercada de gatos, pra mim é um alívio. Todos os personagens estão tão bons quanto sempre, com destaque para o Michael Caine e o Gary Oldman, que me chamaram mais a atenção dessa vez. Os dois tem cenas muito boas e parecem ter ganho mais relevância para o filme.

Mas vamos ao que interessa, os problemas. Primeiro de tudo, a Marion Cotillard, boa atriz (gostei de A Origem e Meia Noite em Paris, por exemplo), linda, mas completamente desnecessária nesse filme. Na verdade toda a segunda parte - prisão, origem do Bane, origem da Marion (me esqueci do nome da personagem, devido ao trauma), momento Shyamalan, tudo isso fodeu com o filme.

Por partes (qualquer um que fizer a piada do Jack Estripador merece a cadeira elétrica). O Bane só era o fodão porque, supostamente, tinha sido expulso daquela liga de "ninjas" e nascido e fugido do poço. É isso que eles te dizem durante o filme inteiro para explicar o porque dele ser quem é. Isso é bom, aceitável. Enquanto o Batman se recupera da coluna quebrada (chegarei nessa parte em um instante), ele tem um sonho em que seu mestre revela que, na verdade, Bane é seu filho. Estranho, mas ainda assim contribui para o desenvolvimento do personagem - essa cena pode ter sido só uma ilusão ou parte do plano maligno dele, mas isso não é explicado, o que, vocês verão, se tornará um problema. Mais tarde, Marion se revela uma pilantra e diz que quem é filha do vilão do primeiro filme, nasceu e fugiu do poço foi ela, e Bane nem ao menos recebeu o treinamento ninja, só foi retirado do poço por pena, mas o pai dela não o queria por perto, pois lhe fazia lembrar de sua esposa. Agora alguém me responde, se Bane não fez nada do que a sua lenda dizia que ele tinha feito, por que ele era tão foda? "Fuck you, that's why!" Nenhum motivo aparente, ele era tão poderoso a ponto de quebrar o Batman, por causa de um furo no roteiro. Tanto que, quando tudo isso é revelado, Bane fica relativamente mais fraco e morre por um tiro. Sim, General Grievous (o robô semi-jedi daquele filme horrível), toda uma luta, toda uma atmosfera construída, destruída por um mísero tiro, que quem dá é a mulher gato!

Agora que sabemos que Bane não era pra ser quem ele foi no começo do filme, vamos ao fator de cura do Batman. O bicho é imortal, sobrevive de fraturas expostas na coluna até bombas nucleares. Ele não precisava ter sido jogado no poço, o poço nem precisava existir, só serviu para dificultar a história. Nolan queria deixar o filme complexo e fodeu com todo mundo. Agora, pelo menos eu sei que para me recuperar de uma coluna quebrada eu só preciso colocá-la no lugar com um soco e me pendurar em uma corda por 3 dias, sem fator de cura nem nada, chupa Wolverine! Ele também se recupera de um problema ósseo (tá certo que um filme cria um aparelho para resolver isso, mas ele não o estava usando no poço. E agora José?) e uma facada no pulmão em questão de segundos. Além do final, é claro, que eu voltarei a falar sobre daqui a pouco.

Gostaria de falar agora sobre uma das estratégias mais baixas e irritantes do cinema, para dar emoção ao filme. O vilão fica ameaçando causar uma catastrofe ao invés de realmente o fazer. If you're gonna shoot, shoot! Don't talk. E principalmente, não fique passando o dedo no detonador só pra criar espectativa, nós todos sabíamos antes do filme começar que aquela porra daquela bomba ia ser roubada, mas não iria explodir na cidade. Isso é óbvio! Não cria emoção nenhuma, só me deixa puto! O que, por sinal, eu já estava, depois da revelação do verdadeiro vilão. Era tão simples, a Marion fazia seu discurso e, depois que o Gordon neutralizou a bomba, ela mostra o detonador e aperta. Nada acontece da mesma forma, mas você elimina o clichê.

Falta apenas dissecar o final. A bomba está para explodir, então Batman pega sua bat-nave, e corre como um filho da puta por Gotham para afastar a bomba. Ele salva a cidade, mas morre na explosão, é o que todos pensam. Até que Alfred, vai à Itália, como ele faz anualmente, vai a um restaurante e encontra o Bruce Wayne e a Selina Kyle, felizes jantando. Foda-se a lógica. Aquela nave deveria ser feita do mesmo material da geladeira do Indiana Jones, essa é a explicação, problema resolvido. Enquanto isso, no funeral do Batman, Robin faz a genial observação:
- Mas ninguém saberá quem foi o herói!
Sério? A população de Gotham é tão imbecil a ponto de não perceber que a morte do Batman e a do Bruce Wayne foram no mesmo dia, na mesma bat-hora e no mesmo bat-canal? Por isso que aquela cidade tá na merda. Puta povo cretino!

Eu sei, tudo isso foi uma quantidade excessiva de detalhismo desnecessário. Mas o filme poderia ter fluido perfeitamente sem o poço, sem a Marion, com o Robin fazendo alguma coisa, enfim, o filme poderia ter sido muito melhor se não fosse a ambição. Os dois antecessores foram bem mais enxutos, sem tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo, e conseguiram um resultado com bem menos erros. Agora nos resta esperar pra ver o que farão com o Batman. A trilogia Nolan acabou, mas sempre vai ter alguém achando que pode fazer melhor, então, vamos aguardar.

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